domingo, 4 de julho de 2010

Crônica Sobre um Cavaleiro Conteporâneo

Um cavaleiro
Não um herói
Um cavaleiro frágil
Um cavalo cansado
Uma armadura sucateada
Talvez um lunático...
Lutando contra ninguém
Apenas contra si mesmo...
Só Dom Quixote talvez o entenderia...

Ele atravessa sozinho
Por campos intermináveis
Devastados sabe-se lá pelo quê.
Cavalga por paredões escuros
Por abismos frágeis e lamacentos...

É um dia nublado, sem vida...
Um vento úmido e frio...
É uma floresta escura, inabitável
Árvores velhíssimas...
Na sua frente três ou quatro trilhas...
Ele pára.
Cansado, respira fundo...
Apenas ele e seu cavalo
Seu único inimigo é ele mesmo...
Ele sorri. Ironicamente sorri...

O destino é cretino
Tantas escolhas
Tantos os caminhos a seguir
Todos tão difíceis
Tantas as decisões...
Mas um só coração...

Apenas um só...

Ele não quer errar, se arrepender, se magoar
Ele não quer mais tirar a vida,
Nem as esperanças de mais ninguém...
Não mais existe a donzela aflita
Não mais existe a princesa em perigo...
Foram engolidas por dragões
Que também não existem mais...
É apenas ele e seus pensamentos agora...

Parado ali em cima de seu cavalo,
O cavaleiro entra novamente em conflito
Seu coração, sua razão, seu instinto, sua intuição...
Sua mente gira...

Repentinamente ele solta a espada no chão,
Logo após a espada é o cavaleiro que desaba
De cima de seu cavalo até o chão, em um baque...
Fazendo um som metálico que ecoa pela floresta
Seu estômago se contrai,
Mas de sua boca, ou melhor, de seus pulmões
Só sai ar...
Sem ar e exausto o cavaleiro morre...
Sem nem dar o último suspiro...

E o seu cavalo, a galope...
Sem nem olhar por que trilha entrou
Segue em frente, assustado...

Um comentário:

ivanslip disse...

Não gosto de cavalos.

Legal o texto, e não gosto de cavalos.