Não um herói
Um cavalo cansado
Uma armadura sucateada
Talvez um lunático...
Lutando contra ninguém
Apenas contra si mesmo...
Só Dom Quixote talvez o entenderia...
Ele atravessa sozinho
Por campos intermináveis
Devastados sabe-se lá pelo quê.Cavalga por paredões escuros
Por abismos frágeis e lamacentos...
É um dia nublado, sem vida...
Um vento úmido e frio...
É uma floresta escura, inabitável
Árvores velhíssimas...
Na sua frente três ou quatro trilhas...
Ele pára.Apenas ele e seu cavalo
Seu único inimigo é ele mesmo...
Ele sorri. Ironicamente sorri...
O destino é cretino
Tantas escolhas
Tantos os caminhos a seguir
Todos tão difíceis
Tantas as decisões...
Mas um só coração...
Apenas um só...
Ele não quer errar, se arrepender, se magoar
Ele não quer mais tirar a vida,
Nem as esperanças de mais ninguém...
Não mais existe a donzela aflita
Não mais existe a princesa em perigo...
Foram engolidas por dragões
Que também não existem mais...
É apenas ele e seus pensamentos agora...
Parado ali em cima de seu cavalo,
O cavaleiro entra novamente em conflito
Seu coração, sua razão, seu instinto, sua intuição...
Sua mente gira...
Repentinamente ele solta a espada no chão,
Logo após a espada é o cavaleiro que desaba
De cima de seu cavalo até o chão, em um baque...
Fazendo um som metálico que ecoa pela floresta
Seu estômago se contrai,
Mas de sua boca, ou melhor, de seus pulmões
Só sai ar...
Sem ar e exausto o cavaleiro morre...
Sem nem dar o último suspiro...
E o seu cavalo, a galope...
Sem nem olhar por que trilha entrou
Segue em frente, assustado...
Um comentário:
Não gosto de cavalos.
Legal o texto, e não gosto de cavalos.
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