Resolvi deixar crescer. Um tanto de preguiça no início de ter que fazer semanalmente a barba, deixei-a crescer toda primeiro. Alguns comentários, mas nada de mais. Até que resolvi tirá-la e deixar só o bigode. Primeiro tive que vencer o meu próprio estranhamento. Precisei me despir de meu próprio preconceito e me controlar pra não tirá-lo no mesmo dia. Mas resolvi deixar, controlando meu próprio impulso. Mas já sabia como ia ser. O estranhamento, os comentários, as brincadeiras. Até eu me estranhava. Mas então deixei. E tirei foto, publiquei, brinquei e saí na rua. Chocou. Algumas piadas, apelidos, comparações, brincadeirinhas, mas pelo menos a maioria disse que achou legal.
E então percebi duas coisas nesses dias que encarnei o Paul McCartney no Sgt. Peppers... Uma delas eu já sabia: Causei estranhamento. Se eu tivesse 40 anos, se estivesse em outro lugar do mundo ou se fosse a 60 anos atrás, o bigode seria normal, anormal até seria não tê-lo. Mas um jovem de bigode, em pleno o século XXI causa estranhamento. E choca. Sim... Engraçado que evoluímos muitos anos, mas nós como seres humanos não estamos preparados para receer o diferente sem estranhamento. Nós ainda não estamos preparados para o diferente, mesmo depois de anos de evolução, não evoluímos nesse quesito.
E eu mesmo tive que me despir de meus próprios estranhamentos e lutar contra o impulso de me achar ridículo e tirá-lo de uma vez. Mas deixei. Até acostumar-me a me ver de bigode. Até vê-lo como fazendo parte de mim. Até achá-lo normal. Até perder o meu próprio e senso ridículo. Pois ridículo não é o bigode, ridículo era o meu senso de ridículo e meu estranhamento frente ao incomum. Por fim me acostumei e acho que fiz as pessoas do meu convívio se acostumarem também comigo e com o meu bigode.
Por fim percebi também que ninguém mais estranha as coisas comuns. Por mais trágicas que sejam, as coisas que deveriam nos causar realmente estranhamento, já não causam mais pois se tornaram comuns. A tragédia, o acidente, o assalto a corrupção que está bem embaixo do nosso nariz (trocadilho) nós nem notamos mais. Nós notamos é o bigode.
Ps.:
Por fim, caso algum leitor curioso queira saber, tirei o bigode. Não pela vergonha. Tirei porque estamos quase no verão gaúcho e ele incomoda. Coça. Faz até cócegas se estou ofegante. Mas quem sabe no inverno ele não possa me ser útil? Ao menos ajudará a esquentar o nariz enquanto aspiro o ar gelado do minuano gaúcho de meados de Julho.
5 comentários:
ahsuhaushauhs muito bom!!, e com certeza rendeu piadinhas ilárias.. XD é bom sair do comum de vez em quando -q Abraço/
Foda de deixar anônimo é que as pessoas nunca se identificam. Não vou dar abraço em desconhecidos... Não falo com Bandeirantes! HUASASUAUHUHASUH
Brink's... Acho que sei quem é. Abração!
Usa cavanhaque!Não tem homem que fique mal com cavanhaque.
Vou usar cavanhaque e ficar bonito! :P LOL
Cinco anos depois do seu texto...
Pois meu caro, eu estou estranhando justamente o contrário!
Após usar o bigode por 11 anos, tirá-lo ontem, aos 34 quase fez com que me escondesse em casa! (aliás, ainda não precisei sair...) Abraço, Rômulo Plank
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